domingo, 11 de agosto de 2013

Bailarina de caixinha

Olá pessoas, como vão? Sou uma romântica por natureza, gosto de coisas claras, tons pasteis, rosas, músicas suaves, principalmente ao som de piano ou violinos. Sempre quis uma caixinha de música, com uma delicada bailarina dentro, mas como um presente, porque teria uma história sob o pano de fundo. Mas como não ganhei uma tenho que me contentar com uma antiga que tenho, com um casal de noivos que dançam olhando nos olhos um do outro.
Mas voltando ao título da minha postagem as vezes me sinto como uma bailarina de caixinha, me equilibrando nas pontas da sapatilha, meus sentimentos oscilam como uma dança, hora em cima alegre, agradecida com o que tenho, outras vezes triste, insegura com a sensação de não fazer o meu melhor.
    E a música delicada da vida continua a tocar, as vezes soa uma nota mais triste, mas acontece algo inusitado e o ritmo fica alegre outra vez. 
Então corremos e damos um salto sabendo que alguém nos apoiara, mas existem momentos que não tem nada ou ninguém e caímos em um vazio, choramos, amaldiçoamos quem julgamos ser culpados por nossas escolhas ruins... E quando percebemos que aquela etapa tão difícil tem que ser ultrapassada sozinha nos reerguemos, olhamos para a platéia, e continuamos o nosso número no palco chamado vida! 
Poucos aplaudem nossas conquistas, mas o verdadeiro artista não vive de aplausos, mas se realiza de sua arte, a arte de viver. 
Mas a bailarina de caixinha continua a dançar, rodopiar, ao som da mesma música, encantando quem para para observar seu espetáculo, mesmo que seus pés continuem doendo, que seu corpo esteja cansado, que seu sorriso seja de plástico, ela continua...
Até que um dia a caixinha seja aberta e ela pare de dançar. 
Bem é isso, que esse singelo texto nos faça refletir sobre a fragilidade da nossa vida, o quão breve é nossa existência. Que a nossa dança seja linda mesmo que só em nosso olhar. 
Vou encerrar com uma poesia de Pablo Neruda:


Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos:
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim o seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento,
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso segue tu florescendo, florida,

para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pêlo,
para que assim conheçam a razão de meu canto.
   

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