segunda-feira, 23 de junho de 2014

Um conto de bruxa - quarta parte

Após longos minutos Neil rompe com o silêncio, perguntando se a jovem está ferida, ou se gostaria de ligar para alguém, Melina responde cautelosamente que está bem e fala que não tem para quem ligar.
Neil concorda em um gesto com a cabeça e se pergunta quem é essa moça e porque se sente tão perturbado com sua presença.
Como se adivinhasse o seu pensamento Melina conta que faz bastante tempo desde a última vez em que esteve naquele lugar e que ele poderia ficar despreocupado que ela não era nenhuma suicida em potencial e muito menos uma psicopata, oferecendo um sorriso cálido ao fim da frase, que surtiu efeito pois Neil se tranquilizou imediatamente.

Bom sinal pensou Melina, seus poderes estavam intactos, agora ela precisava pensar em como conseguiria o perdão dos dessedentes ou sobreviventes do trágico dia em que seu ódio quase destruiu a cidade, ela precisava do perdão pois queria se libertar da maldição que fora lançada sobre ela, Melina queria recomeçar, mesmo que em outro lugar, mas primeiro precisava resolver as questões do seu passado.
Bem, obrigada por me socorrer, enquanto nadava senti um formigamento estranho na perna, e antes que tire conclusões precipitadas estava nadando com esse vestido por religiosidade, apenas um simpatia que aprendi com minha avó, improvisou essa mentira para não levantar suspeitas a seu respeito.
Bem agora que passou o susto preciso ir, deixei minhas coisas aqui por perto, vou buscá-las e procurar uma pensão na cidade.
Se quiser posso te levar até a cidade é só o tempo de apagar a fogueira e guardar as coisas, sugeriu Neil.
Perfeito, enquanto faz isso vou buscar minhas coisas, e levantando-se a jovem entregou a coberta para Neil e seguiu rumo a floresta, em sua mente conjurava um feitiço para visualizar sua cabana outrora ocultada por um encantamento, precisava pegar alguns pertences, livros e dinheiro para voltar para cidade e começar sua remissão.

Enquanto apagava a fogueira e guardava suas coisas, Neil levou sua mão para dentro de sua jaqueta e tocou em sua arma, não queria ser pego de surpresa, o mundo estava cheio de gente maluca, mas se sentiu envergonhado com o pensamento, sem saber como confiava na moça.
Cerca de meia hora depois Melina apareceu com duas malas e uma bolça de mão tudo muito fino e elegante, vestia um vestido de lã e casaco, nos pés calçava meias e uma sapatilha que parecia ser bem cara, não lembrava em nada a jovem despenteada e trêmula que ele encontrara mais cedo, só os cabelos que estavam ainda um pouco desalinhados, mas tinha um requinte que não combinava com os cabelos usados pelas jovens de sua idade, parecia o penteado de outra década, bem, Neil concluiu que se tratava de uma jovem rica, talvez estava entediada com sua vida de luxo e resolveu sair explorando o mundo, ideia que lhe agradava pois era um curioso por culturas e pessoas desde criança.
Com esses pensamentos ajudou a jovem com as malas e foram em silêncio para a cidade.

Melina quase não acreditou quando as primeiras casas surgiram diante dos seus olhos, a cidade mudara bastante,os poucos moradores que teve oportunidade de ver também, eram rostos e roupas diferentes, Melina concluiu que depois de descansar precisaria adquirir novas peças e mudar um pouco o vestuário, também mudaria o corte dos cabelos só não mexeria na cor, gostava de seus cabelos ruivos que tanto lembrava sua mãe, o medo de ser reconhecida por algum sobrevivente a fez tremer de leve, pararam em frente a única pensão da cidade, era grande, rústica e confortável, contava com alguns pensionistas que faziam do lugar sua residência, geralmente eram idosos e adultos solteiros, vez ou outra é que aparecia algum hospede.
Neil colocou as malas da moça lá dentro e fez questão de estar com ela até que terminasse o cadastro, assinando com o nome de Anne Melina Malcon que era seu nome completo, herdado de sua avó, já que naquela cidade as pessoas conheceram apenas Melina, no passado. Pagou o adiantamento em dinheiro, o que agradou a velha dona da pensão, a senhora Berta, que olhava de forma curiosa para Melina como se tentasse reconhecer o rosto da jovem.
Melina ficou apreensiva e teria que ter cuidado, pois a dona da pensão poderia perfeitamente ser uma sobrevivente e se a senhora à reconhecesse atrapalharia os planos da jovem.
Neil então se despediu com um caloroso aperto de mão e falou que se precisasse de qualquer coisa Melina não exitasse em falar.  

Já em seu quarto a jovem após um demorado banho se deitou em sua cama e dormiu imediatamente, foi um sono tranquilo e sem sonhos, estava exausta emocional e fisicamente e nada como o banho e um bom sono para repor suas energias, pois precisaria de toda sua concentração para começar a investigar os moradores da cidade, só assim iria elaborar um plano para conseguir o perdão e sua tão sonhada liberdade.
Por sua vez Neil estava inquieto, pensando na jovem que conheceu mais cedo, algo nela o atraia mas ao mesmo tempo lhe causava uma estranha sensação de medo, decidiu tomar um banho e dormir cedo, mas ao contrário de Melina seus sonhos foram agitados, sonhava com a moça sendo queimada em uma fogueira e gritando por seu nome, acordou assustado e com o suor escorrendo em seu rosto, concluiu que precisava parar de ler os livros de Edgar Alan Poe para o bem de suas noites, sorrindo virou para o outro lado e voltou a dormir.
Mal sabia ele que era uma chave fundamental na quebra da maldição de uma genuína bruxa...




Continuei com o conto por pedido da minha filhota mais velha, Isa é para você a continuação.
Quem quiser ler desde o início é só clicar nas postagens do mês de outubro, novembro e dezembro de 2013 que estão os contos anteriores, assim que for possível pretendo colocar as postagens com suas categorias de forma organizada, para facilitar a vida de quem quiser passear pelo meu cantinho.
Espero que tenham gostado.
Obs: não tenho a pretensão de ser escritora, só coloco ideias que surgem em minha mente, logo a escrita não é de uma profissional mas de alguém que ama ler e se inspira com suas leituras.
Tchau o/






  


2 comentários:

  1. Bom dia Carolina.. são temas muito bons de serem abordado.. eu até desejaria fazer contos mas me perco neles acho que até hj fiz só um, qualquer hora te mando..
    poder colocar os pensamentos no papel é libertar a alma.. é assim que vejo e ajuda demais a desafogar nosso interior,e pelo tanto que lê tu tem muito a nos passar.. abraços ee até sempre

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  2. Ah que legal você escreve muuuito bem e deve continuar postando!

    http://passaro-de-inverno.blogspot.com.br/

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