quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Insônia

Então Lina começa escrever pois escrever é a única coisa que ela julga fazer razoavelmente bem, em um horário nada convencional em que as pessoas que tem uma saúde mental em concordância com o equilíbrio dormem, em suas camas ou não.
Mas isso é tão comum como respirar, na infância Lina ficava acordada porque queria ver filmes, em sua maioria terror/horror nada educativo que lhe rendia bons pesadelos, mais velha não dormia bem, quando não eram as festas e bebedeiras da juventude eram pensamentos que atormentavam sua mente, e somente lá pelas 5:00 da madrugada é que o sono aparecia, mas agora já com três décadas a insônia traz um certo desconforto, pois as atividades rotineiras do dia-a-dia exigem que Lina esteja desperta.
Mas como lutar contra um hábito ruim adquirido na infância?
Neste trecho ela para e pensa olhando para a parede que tem uma cor marrom que ela detesta, quando comprou a casa a pintura era péssima, mas acabou protelando e só agora as paredes da sala a incomoda, no celular toca uma música antiga e melancólica e isso aumenta seu desconforto, músicas assim trazem uma tristeza antiga, um sentimento que parece ter sido mapeado no seu DNA, logo o sol desponta e ela sabe que terá uma manhã de cão, ressaca de sono é pior que bebedeira mal curada.
As últimas palavras do livro que Lina está devorando estão em sua mente, geralmente ela costuma ler livros de horror antes de dormir, este tem um enredo um pouco lento, mas a protagonista escreve, e isso chama sua atenção fazendo a leitura prosseguir.
O café que ela tomara á pouco insiste em fazer um caminho reverso em seu estômago, maldita azia pensa Lina.
Dormir, dormir, dormir, como se pensar bastasse para trazer o sono de volta, mas os olhos começam a pesar, um bocejo escapa de sua boca, Lina sorri contente finalmente o sono dá o ar da graça, seu relógio biológico é pontual, infelizmente trabalha em uma frequência que vai contra a natureza humana.
Outra música toca no celular, pensamentos passeiam livremente por sua mente, algumas lembranças tão antigas que se revelam amareladas, mais uma noite sem dormir, ela desliga seu computador, pega o celular, caminha para o quarto, as luzes já estão todas apagadas somente o aparelho ilumina o curto caminho até sua cama, ela olha e pensa que a cama é muito grande, deveria ter comprado uma de solteiro, se cobre, se ajeita em uma posição confortável, desliga o celular, fecha os olhos e dorme, um sono profundo, sem sonhos.

  

3 comentários:

  1. Carolina é preciso continuidade, li e não quis que acabasse, fiquei curioso sobre os caminhos dessa personagem.
    Saudações.

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  2. Acho que essa é a primeira vez que leio uma prosa no seu blog. Gostei muito!

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  3. Ai Lina, nas minhas noites de insônia que são quase diárias, eu escuto música ou vejo tv!
    Odeio não poder dormir a noite toda =/

    Ok nada a ver oq eu disse mas PRECISAVA desabafar u.ú

    http://passaro-de-inverno.blogspot.com.br/

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