Um estranho e muitas divagações

Enquanto esperava o ônibus encostar fiquei observando as pessoas ao meu redor, gente de todo jeito, cor, trejeito... Minha atenção se voltou para um senhor, de aparência idosa (nunca sabemos se alguém é idoso ou não, as vezes o sofrimento desgasta a pessoa) e com certa dificuldade na fala, sem os dentes inferiores e com o rosto completamente enrugado. O que despertou minha curiosidade em relação a esse estranho foi sua estrutura óssea, muito bonita, alto com um belo formato de rosto e um bom nariz. Tenho uma predileção por nariz fino, e o desse homem era bem feito. Sua aparência frágil, seu jeito de pessoa senil não conseguiu ocultar a beleza que talvez ele possuiu em alguma fase da vida.
Comecei a imaginar os lugares que ele passou, os sonhos perdidos, os medos, os amores que despertou. E agora vejo um homem simples, com roupas ruídas, um ar de alguém perdido no mundo, no tempo, na vida.
Me deu um aperto no peito, por saber da efemeridade da vida, do quanto a juventude passa. Me perguntei se estou valorizando o meu presente, vivendo plena e com dignidade, fazendo o favor de ser feliz. Vou parar de prestar atenção só no lado feio da vida, vou viver e degustar a vida.

    (Música incrível)