terça-feira, 19 de maio de 2015

Quando menina...

Quando menina eu tinha o universo nas mãos
E cada estrela que brilhava no céu azul escuro era um fragmento do meu sorriso
O tempo e o espaço obedeciam aos meus comandos
A eternidade era o meu destino, e a morte apenas uma palavra sem sentido
Quando menina eu tinha o oceano nas mãos
E o meu barquinho navegava nas águas tranquilas da inocência
As vezes eu era marujo, outras capitão, e em alguns casos pirata
Com perna de pau e espada na mão
Quando menina eu observava formigas em copas de árvores
Corria atrás de vaga-lumes ao fim do dia, como se fossem fadas me conduzindo a terra do nunca
Andava com os pés no chão, cachorro ao lado e boneca nos braços
Quando menina não era aquela de laços e fitas
Ou chá com amigas
Era menina matreira, com pele trigueira, calçolas curtas e bola nas mãos
Corria com a molecada da rua com sorriso nos lábios e assovio fino
Quando menina o mundo cabia no meu quintal
Os insetos eram meus amigos e cantavam comigo cantigas de roda
E a vida era uma festa com bolinhos de terra e refresco servido por mamãe
Quando menina eu colhia flores e catava gravetos
Dançava na chuva e pulava em poças de lama
Sujava a roupa e mamãe ralhava comigo
Tinha os joelhos ralados e os cabelos espetados de tantas travessuras
Quando menina chegava cansada em casa das muitas aventuras nas férias escolares
Deitava em minha cama cheia de ursos e orava preces ensaiadas
E as estrelas eram o manto que cobria meu corpo e embalava os meus sonhos
Quando menina, quando feliz...



8 comentários:

  1. Lindo poema!!! Doce período é a infância!!

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  2. Amei e me identifique com vários fatos. Adoro a forma que as crianças observam o mundo.
    Beijoss

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  3. Muito boa tarde querida Carol..
    e o que dizer te tão linda poesia que não remete somente vc mas todos que te leem..
    muito linda, convidativa e inspirada estavas..
    bem o que disse.. tb fiz muito disso..
    brincava de nave na bergamoteira rsrs
    pegava catapora no mato fechado pra ir pescar..
    saia atrás dos vagalumes que sumiram e uns anos pra cá voltaram.. como é bom ver a vida se moldando e nos moldando..
    beijos meus e fique sempre bem senhorita
    até sempre

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  4. To passada. De verdade. Eu absolutamente AMEI esse poema. Não sei se é porque eu to meio sensível e nostálgica hoje, mas eu to apaixonada. Escreva mais poemas, sério.
    Sabe aquela frase super cliche do "eu era feliz e não sabia"? Então, nunca pensei que fosse dizer isso, mas digo agora: eu era feliz e não sabia.

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  5. Tu és mãe, né?
    Desculpa se me enganei...
    Mas espero que teu filho (ou filha, ou filhos...) possa viver pelo menos metade desses momentos... para poder dizer no futuro que teve infância!
    Momentos tão valiosos que só nos damos conta quando envelhecemos...
    Só não sinto mais saudade porque vejo os meus filhos fazendo muitas dessas coisas agora. Hahahahahaha

    Um beijo.

    http://momentosdelucidezenemtanto.blogspot.com.br

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  6. Lindíssimo texto, Carolina!
    Em suas palavras transbordam todo o encantamento que há nas lembranças de infância.. Senti uma certa nostalgia ao ler, rs

    Um grande abraço

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  7. Você tem sentido muita falta dos anos de doçura né? Seus textos mostram muito essa nostalgia.

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  8. As melhores lembranças, penso eu, que são essas. Quando não mediamos a nossa felicidade além das brincadeiras e risadas. Como você tratou das lembranças com essa suavidade que te é peculiar, me fez meio que nostálgico.
    Abraço.

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